No contexto atual, marcado por crescentes demandas por transparência, ética empresarial e cumprimento regulatório, as investigações internas se consolidaram como ferramentas estratégicas dentro dos programas de compliance. Sua execução adequada não só permite o gerenciamento de riscos legais e a prevenção de sanções regulatórias, como também fortalece a sustentabilidade corporativa e a responsabilidade social corporativa. No entanto, quando esses processos carecem de profissionalismo, protocolos claros, respeito aos direitos das partes envolvidas ou rastreabilidade adequada, abrem caminho para consequências graves e uma deterioração significativa da reputação institucional.

Esta nota complementa nossos artigos sobre como iniciar uma investigação ética e sobre a ISO 37002 e gestão de irregularidades. Abordaremos os principais riscos de uma investigação mal conduzida e as boas práticas para preveni-los.

A análise dos casos reportados pela linha direta de ética deve ser realizada em conformidade com o Código de Ética, a Governança Corporativa e as Obrigações Regulatórias locais e internacionais que regem as atividades da empresa. Essa abordagem garante que as decisões tomadas no âmbito de uma investigação estejam alinhadas aos princípios de integridade, justiça e legalidade.

O impacto reputacional de uma investigação mal conduzida pode ser devastador. Em muitos casos, os danos são difíceis de quantificar, mas seus efeitos são sentidos tanto na reputação do mercado externo quanto na própria organização.

Uma única má conduta ética ou violação regulatória pode desencadear uma crise institucional que compromete anos de desenvolvimento reputacional.

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Por que as investigações internas são cruciais?

As investigações internas permitem a detectar e abordar irregularidades antes que se tornem escândalos públicos, sanções legais ou danos irreparáveis ​​à imagem institucional. Casos de fraude, assédio, corrupção ou conflitos de interesse exigem uma resposta rápida e profissional que respeite os direitos de todas as partes envolvidas.

Uma investigação bem conduzida não apenas esclarece os fatos, mas também demonstra o compromisso ético da empresa, fortalece sua cultura organizacional e pode até mesmo isentá-la de responsabilidade legal, de acordo com as normas de Responsabilidade Civil da Pessoa Jurídica (Legal Entity Liability) encontradas em diversos países da América Latina.

• As Consequências de uma Investigação Interna Mal Gerenciada

Uma investigação interna mal conduzida pode se tornar uma fonte de vulnerabilidade crítica para qualquer organização. Quando uma investigação interna é conduzida de forma desorganizada, sem protocolos ou medidas claras, ela abre caminho para uma série de consequências que afetam não apenas o cumprimento regulatório, mas também a sustentabilidade dos negócios e a confiança institucional.

Os principais riscos decorrentes de práticas inadequadas na gestão de investigações internas são detalhados a seguir:

• Demandas judiciais: Um processo mal estruturado pode levar a denúncias de demissão injusta, assédio no local de trabalho, violação de direitos fundamentais ou vazamento de dados pessoais, expondo a empresa a litígios onerosos e sanções judiciais.

• Perda de legitimidade e confiabilidade: A falta de transparência, objetividade e confidencialidade desacredita o processo investigativo, gerando desconfiança entre funcionários, clientes, fornecedores e outras partes interessadas importantes.

• Danos à reputação: Vazamentos de informações, exposição na mídia ou a percepção de encobrimento podem corroer a credibilidade institucional, afetando o posicionamento de mercado e a imagem da marca.

• Sanções regulatórias: A omissão ou má gestão de um relatório pode levar à não conformidade regulatória, resultando em multas, perda de licenças, intervenção estatal ou restrições operacionais.

• Impacto na marca empregadora: A falta de cuidado no tratamento das pessoas durante o processo investigativo pode prejudicar a retenção de talentos, gerando desmotivação, rotatividade e perda de atratividade como empregador.

• Queda no valor de mercado: A perda de credibilidade perante investidores e o mercado financeiro pode se traduzir em queda no valor das ações e perda de oportunidades de negócios.

• Risco à continuidade dos negócios: Em casos graves, uma investigação mal conduzida pode levar a desqualificações regulatórias ou até mesmo comprometer a viabilidade da empresa.

• Descumprimento do Programa de Integridade: A falta de gestão adequada dos casos reportados pelo canal de ética compromete a eficácia do Programa de Integridade, fragilizando os mecanismos de prevenção, detecção e resposta a desvios.

• Riscos éticos e de cultura organizacional: A inconsistência entre os valores declarados no código de ética e as ações efetivas da empresa gera perda de credibilidade, principalmente junto ao Diretivo e no Top Managemente. Isso afeta a cultura organizacional e a percepção de integridade interna.

• Desmotivação e ambiente de trabalho negativo: A percepção de injustiça ou impunidade no tratamento de reclamações pode criar um ambiente de trabalho tóxico, afetando a produtividade e o engajamento da equipe.

• Exposição na mídia e crise de comunicação: Uma investigação falha pode se transformar em uma crise pública, forçando a empresa a enfrentar situações de grande repercussão na mídia sem a preparação adequada, o que agrava o impacto na reputação.

Recomendações para Prevenção de Riscos

É essencial que as organizações implementem uma abordagem estruturada e profissional alinhada ao Programa de Compliance e Integridade.

Abaixo, compartilhamos as principais ações que devem ser consideradas para garantir processos eficazes e responsáveis:

• Elaboração de protocolos claros e documentados: Toda organização deve ter um procedimento formal para gerenciar investigações internas. Isso deve incluir cronogramas definidos, atribuição de funções, critérios de atuação, medidas de confidencialidade e rastreabilidade de cada etapa do processo.

• Medidas de proteção aos envolvidos: É essencial garantir a segurança física, emocional e ocupacional de denunciantes, testemunhas e pessoas sob investigação. Isso inclui oferecer licença temporária, realocação de função, apoio psicológico, proteção contra retaliações e acompanhamento pós-investigação.

• Envolvimento de profissionais treinados: A investigação deve ser conduzida por especialistas em conformidade, direito trabalhista, proteção de dados e gestão de riscos. Em casos complexos, recomenda-se o envolvimento de peritos ou notários, dependendo do tipo de caso.

• Integração com o Programa de Compliance: As investigações internas devem estar alinhadas ao sistema de compliance corporativo como parte de uma estratégia abrangente para prevenir, detectar e responder a desvios de conduta.

• Utilização de canais de ética confiáveis ​​e acessíveis: A linha ética deve ser segura, anônima, traçável e disponível a todos os funcionários. Sua implementação adequada é fundamental para fomentar uma cultura de denúncia e prevenir desvios de conduta.

• Treinamento e conscientização contínuos: Treinamentos em ética, integridade e uso do canal de denúncias devem fazer parte do plano anual de treinamento. Isso fortalece a cultura organizacional e capacita as equipes a responder a situações irregulares.

• Monitoramento e melhoria contínua do processo: É importante realizar auditorias internas, análises de casos e revisar indicadores para aprimorar a eficácia do sistema de investigações e garantir sua evolução em conformidade com as melhores práticas locais e internacionais.

Serviço de Investigações Internas: Uma Solução Estratégica para Proteger sua Organização

Organizações que gerenciam adequadamente suas reclamações e riscos reputacionais demonstram liderança ética, compromisso com a integridade e uma abordagem responsiva a situações críticas.

A Resguarda oferece um Serviço de Investigações Internas abrangente, projetado para auxiliar as empresas no diagnóstico, investigação e gestão de riscos éticos, legais e reputacionais. Nossa equipe especializada aplica as melhores práticas internacionalmente reconhecidas em casos de fraude, corrupção, lavagem de dinheiro, assédio, discriminação e outras condutas denunciadas por meio da linha direta de ética.

Cada investigação é conduzida com a devida diligência, respeitando os princípios de Governança Corporativa, as normas vigentes e os valores institucionais. Este serviço é integrado como parte de uma estratégia de Responsabilidade Social Corporativa, fortalecendo a cultura organizacional e o cumprimento do Programa de Integridade. Dessa forma, sua organização não apenas investiga, mas também atua com coerência, credibilidade e comprometimento.

Conclusão

Em tempos em que a reputação corporativa é tão valiosa quanto os ativos financeiros, investigações internas não podem ser tratadas como meras formalidades administrativas. Sua execução adequada demonstra liderança ética, responsabilidade e compromisso com a legalidade e a gestão organizacional sustentável.

Organizações que investem em processos robustos, respeitosos e transparentes estão mais bem preparadas para enfrentar crises, prevenir riscos e construir culturas organizacionais sustentáveis.

Porque em compliance, como na vida, o que é bem feito é notado, e o que é mal feito também é notado.

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